O
blog de José Dirceu publicou nesta terça-feira (20) um texto com uma
série de críticas sobre a forma como o governo da presidente Dilma
Rousseff e sua equipe vêm conduzindo a reforma econômica. Para o
petista, que foi condenado pela Justiça e cumpre pena, o País caminha
para uma recessão – com implicações políticas e sociais.
O texto também cobra explicações. "Como o país voltará a crescer?", questiona.
Caminhamos para uma recessão. Com o governo consciente disso, esperamos
Que
2ª feira! Calor, aumento de impostos num pacotaço anunciado pelo
ministro da Fazenda, de juros e queda de energia em importantes cidades
do país causada pela onda de calor inédita no pais…Ontem nem parecia uma
2ª feira, estava mais para uma 6ª feira 13. Só noticias ruins.
O
aumento de impostos e dos juros são apenas consequências,
desdobramentos da busca de um superavit de 1,2% do PIB este ano. A
elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras para os empréstimos às
pessoas físicas. Aí, também refreando o consumo.
Caminhamos
assim – conscientemente, espero, por parte do governo – para uma
recessão com todas as suas implicações sociais e políticas. Fica
evidente, empiricamente, pela prática, que o aumento dos juros não
refreou a inflação cujas causas estão fora do alcance da politica
monetária do Banco Central (BC), mas nos preços administrados, serviços e
alimentos.
Quando a inflação cair…se cair…
Assim,
quando a inflação cair – se cair… – será pela queda violenta da demanda
e não pela alta dos juros. O que espanta é o silêncio de nossas
autoridades sobre os efeitos da atual taxa Selic de 11,75% – o sonho de
consumo do mercado financeiro -e sobre o serviço da divida interna de R$
250 bi ao ano, ou o correspondente a 6% do PIB nacional. É a maior
concentração de renda do mundo no período de um ano e para uma minoria
detentora dos títulos públicos de nossa divida interna.
Como
a arrecadação cairá com a recessão é preciso de novo que nossas
autoridades expliquem como farão o superávit e manterão os investimentos
públicos e os gastos sociais. Têm de explicar: como o pais voltará a
crescer?
Fora
o fato que as autoridades da área econômica diariamente criticam
abertamente os bancos públicos e seu papel de vanguarda no financiamento
subsidiado (porque necessário) de nossa indústria, agricultura,
infraestrutura social e econômica. A pergunta que não cala é: quem os
substituirá, quem continuará a desempenhar esse papel dos bancos
oficiais?
Semana começa com muita apreensão sobre os rumos do país
Sobre
o efeito maléfico e daninho dos juros altos na valorização do real e
nas contas externas também nada, nem uma palavra… Nossa indústria que se
vire. A semana começa, assim, com muita apreensão pelos caminhos do
país. Mas podem ter certeza, com muita festa no mercado financeiro e nas
redações de nossa mídia.
Mesmo
que haja algum choro e ranger de dentes pelo aumento dos impostos, no
fundo dirão, melhor assim que uma reforma tributária que taxe os ricos, o
patrimônio e a renda, as fortunas e heranças e os fantásticos lucros
financeiros. Isso, talvez, explique o silêncio dos responsáveis pela
política econômica e pelo governo sobre a volta da CPMF ou de algum
outro imposto ou tributo equivalente e que cumpra seu papel.
Fonte: Ig.com
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